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Quando o andebol azul e branco bateu no fundo ao classificar-se no 7º lugar do campeonato de 1992/93, a sentença parecia irremediável. Era o fim da modalidade no clube, 4 anos depois de ter acontecido o mesmo com o voleibol. Em Julho e Agosto de 1993, um grupo de personalidades ligadas ao andebol Portista (Júlio Marques, Armando Campos, Abílio Pinho, Abílio Soares, Marcelino Rocha e Mário Gouveia, entre outros), encetou vários contactos, conseguindo evitar o já decretado fim da modalidade no clube, numa árdua corrida contra o tempo. Com a Sonae como principal financiadora nos 2 anos seguintes (épocas 93/94 e 94/95), o andebol Portista reergueu-se das cinzas, tendo-se consolidado de tal forma que a partir de 95/96, novos patrocinadores chegaram ao clube das Antas para sucederem nesse importante papel à Sonae de Belmiro Azevedo (também ele ex-praticante da modalidade no FC Porto).
Com o clube com um jejum de títulos na modalidade que já ia em 14 anos (taça de Portugal ganha em 1980) e sem ser campeão desde 1968, adivinhava-se árdua a tarefa do treinador Jorge Rodrigues, recém-contratado ao Sp. Braga (Agosto de 93), depois de algumas semanas com os jogadores sem saberem se o andebol no clube iria ter continuidade ou não.
O FC Porto contratou dois Dinamarqueses, o guarda redes Soren Gottfredsen e o lateral direito Jesper Degn Jensen, que se juntaram aos andebolistas que não desertaram do clube naquela fase muito “tremida”. Nesse grupo estavam, entre outros, Rui Rocha e Carlos Resende, este último a grande referência do clube e por todos considerado, já nessa altura, o melhor jogador de andebol que o nosso País alguma vez teve.
O Campeonato de 1993/94 foi ganho por um Belenenses treinado por Obradovic (nosso actual técnico), numa época em que apenas houve fase regular com os do Restelo a conseguirem mais 1 ponto que o Benfica (2º), e mais 5 que o FC Porto (3º), que acabou por ser a grande surpresa desta prova, chegando mesmo a entrar em luta directa com Belenenses e Benfica pelo mais ansiado título, cenário impensável após aquele bastante atribulado início de temporada.
Na taça de Portugal, os Dragões começaram por ganhar em Fafe por 23-22, ultrapassando ainda o Sporting nos 4ºs de final com uma vitória em Alvalade por 19-18.
Na final-four que se realizou a 25 e 26 de Junho de 1994 no pavilhão do S. Bernardo em Aveiro, o FC Porto mediu forças com o Belenenses (já campeão) numa das semi-finais, enquanto na outra, o Benfica (vencedor da supertaça) teve o ABC de Braga como adversário (os Bracarenses tinham perdido nesta época a final da taça dos campeões europeus para o Teka de Santander e tinham ganho as últimas 4 finais da taça de Portugal).
O FC Porto bateu o Belenenses (já sem Obradovic que saiu logo após o título) na 1ª semi-final por 27-26, com Carlos Resende e Jesper Degn (7 golos cada um) a destacarem-se na concretização, sendo mesmo decisivos neste apuramento dos dragões para a final da taça de Portugal, onde acabou por ter como adversário o Benfica que eliminou, após prolongamento, o ABC de Braga de Donner por 23-21.
Na final, que se disputou a 26 de Junho de 1994 em Aveiro, o FC Porto começou por ter algumas dificuldades na 1ª metade, chegando ao intervalo em desvantagem (8-10), mas na 2ª parte, a inspiração e capacidade concretizadora de Carlos Resende vieram ao de cima, com os Dragões a beneficiarem ainda da boa exibição do seu guardião Gottfredsen, também ele decisivo na recuperação da desvantagem (a 20 minutos do fim havia 15-15) com o Porto a passar para a frente no marcador a menos de 4 minutos do final do jogo (21-20).
O Benfica ainda empatou a 21 e a 22 golos, mas na última posse de bola, já com o tempo esgotado, um livre de 9 metros apontado pelo Dinamarquês Jesper Degn acabou por furar a barreira dos encarnados e Miguel Fernandes acabou batido de forma inapelável (lance estudado, até porque nos oitavos de final o FC Porto já ganhara em Fafe com um lance idêntico).
Um momento mágico, festejado de forma eufórica por jogadores, treinadores e adeptos e que, diga-se, muito me marcou, até porque já era um seguidor apaixonado da modalidade e do clube azul e branco.
O FC Porto ganhou assim por 23-22 ao Benfica com Carlos Resende a apontar 9 golos, Jesper Degn 4, Abel Silva 3, Rui Rocha 2, José Santos 2, José Coin 1, António Campelos 1 e Paulo Gonçalves 1 também. Jogaram ainda pelo Porto os guarda redes Gottfredsen e Hugo Mota e os jogadores de campo, António Bento e Ricardo Chorão (Paulo Pinhal estava lesionado).
No final do jogo, o técnico do Benfica, Ângelo Pintado, estava furioso com o Russo Davidkov que na sua opinião fora o culpado no último golo, enquanto o treinador do FC Porto, Jorge Rodrigues, referiu à imprensa o seguinte: «No intervalo disse aos jogadores que tínhamos que ganhar este jogo, porque um título gamado sabe melhor». Declarações fortes, mas cheias de racionalidade, pois a dupla formada pelos Lisboetas Carlos José e Barata Aires (mais este), acabou por optar por prejudicar sempre o FC Porto nas situações de dúvida. Desta vez, felizmente, sem reflexos no resultado final.
O FC Porto vencia assim a sua 5ª taça de Portugal em Andebol (23ª edição) e, mais importante que isso, voltava a ganhar um troféu no Andebol 14 anos depois, sendo esta a 1ª conquista da modalidade com Pinto da Costa a presidente do clube azul e branco (2 meses depois desta taça, o Porto viria também a ganhar a supertaça, momento que recordarei em breve aqui neste espaço com mais uma crónica e mais um vídeo inédito).
Uma conquista histórica num ano muito complicado e com muito mérito para os jogadores Portistas, mas também para a dupla técnica formada por Jorge Rodrigues e Armindo Fernandes (adjunto), sem esquecer o seccionista José Lourenço. Terminou assim em festa o jejum que já durava desde 1980, ano em que o FC Porto (treinado por António Cunha com Manuel Jorge a seu adjunto) vencera em Aveiro a taça de Portugal numa final frente ao Sporting (24-22) e onde Jorge Rodrigues, curiosamente, fazia parte do plantel azul e branco.
Espero que gostem desta recordação histórica do nosso andebol e da reportagem da RTP sobre esta grande final da taça de Portugal 93/94. Podem ver no vídeo deste post, um resumo do jogo, o tal golo milagroso, as declarações de jogadores e treinadores e o nosso capitão Paulo Gonçalves a erguer a taça de Portugal, 14 anos depois.
Um abraço a todos os que contribuíram para que a divulgação deste vídeo fosse possível.
Saudações Portistas,
Lucho.
Com o clube com um jejum de títulos na modalidade que já ia em 14 anos (taça de Portugal ganha em 1980) e sem ser campeão desde 1968, adivinhava-se árdua a tarefa do treinador Jorge Rodrigues, recém-contratado ao Sp. Braga (Agosto de 93), depois de algumas semanas com os jogadores sem saberem se o andebol no clube iria ter continuidade ou não.

O Campeonato de 1993/94 foi ganho por um Belenenses treinado por Obradovic (nosso actual técnico), numa época em que apenas houve fase regular com os do Restelo a conseguirem mais 1 ponto que o Benfica (2º), e mais 5 que o FC Porto (3º), que acabou por ser a grande surpresa desta prova, chegando mesmo a entrar em luta directa com Belenenses e Benfica pelo mais ansiado título, cenário impensável após aquele bastante atribulado início de temporada.

Na final-four que se realizou a 25 e 26 de Junho de 1994 no pavilhão do S. Bernardo em Aveiro, o FC Porto mediu forças com o Belenenses (já campeão) numa das semi-finais, enquanto na outra, o Benfica (vencedor da supertaça) teve o ABC de Braga como adversário (os Bracarenses tinham perdido nesta época a final da taça dos campeões europeus para o Teka de Santander e tinham ganho as últimas 4 finais da taça de Portugal).
O FC Porto bateu o Belenenses (já sem Obradovic que saiu logo após o título) na 1ª semi-final por 27-26, com Carlos Resende e Jesper Degn (7 golos cada um) a destacarem-se na concretização, sendo mesmo decisivos neste apuramento dos dragões para a final da taça de Portugal, onde acabou por ter como adversário o Benfica que eliminou, após prolongamento, o ABC de Braga de Donner por 23-21.

O Benfica ainda empatou a 21 e a 22 golos, mas na última posse de bola, já com o tempo esgotado, um livre de 9 metros apontado pelo Dinamarquês Jesper Degn acabou por furar a barreira dos encarnados e Miguel Fernandes acabou batido de forma inapelável (lance estudado, até porque nos oitavos de final o FC Porto já ganhara em Fafe com um lance idêntico).
Um momento mágico, festejado de forma eufórica por jogadores, treinadores e adeptos e que, diga-se, muito me marcou, até porque já era um seguidor apaixonado da modalidade e do clube azul e branco.

No final do jogo, o técnico do Benfica, Ângelo Pintado, estava furioso com o Russo Davidkov que na sua opinião fora o culpado no último golo, enquanto o treinador do FC Porto, Jorge Rodrigues, referiu à imprensa o seguinte: «No intervalo disse aos jogadores que tínhamos que ganhar este jogo, porque um título gamado sabe melhor». Declarações fortes, mas cheias de racionalidade, pois a dupla formada pelos Lisboetas Carlos José e Barata Aires (mais este), acabou por optar por prejudicar sempre o FC Porto nas situações de dúvida. Desta vez, felizmente, sem reflexos no resultado final.
O FC Porto vencia assim a sua 5ª taça de Portugal em Andebol (23ª edição) e, mais importante que isso, voltava a ganhar um troféu no Andebol 14 anos depois, sendo esta a 1ª conquista da modalidade com Pinto da Costa a presidente do clube azul e branco (2 meses depois desta taça, o Porto viria também a ganhar a supertaça, momento que recordarei em breve aqui neste espaço com mais uma crónica e mais um vídeo inédito).
Uma conquista histórica num ano muito complicado e com muito mérito para os jogadores Portistas, mas também para a dupla técnica formada por Jorge Rodrigues e Armindo Fernandes (adjunto), sem esquecer o seccionista José Lourenço. Terminou assim em festa o jejum que já durava desde 1980, ano em que o FC Porto (treinado por António Cunha com Manuel Jorge a seu adjunto) vencera em Aveiro a taça de Portugal numa final frente ao Sporting (24-22) e onde Jorge Rodrigues, curiosamente, fazia parte do plantel azul e branco.

Um abraço a todos os que contribuíram para que a divulgação deste vídeo fosse possível.
Saudações Portistas,
Lucho.