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Channel: BiBó PoRtO, carago!!
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À espera de um triplo milagroso no último segundo

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http://bibo-porto-carago.blogspot.com/


Estava eu preparada para começar a escrever sobre o jogo de ontem, sobre a convocatória dos nossos jogadores para os Jogos Olímpicos, sobre a confirmação da expectável vergonhosa decisão da FPP em relação ao nosso protesto, quando me cai uma bomba na alma. Diz-se, ao que parece com fundamento, que o nosso clube vai extinguir a secção de basquetebol, ou pelo menos o basquetebol sénior. Perante este provável cenário, não consigo escrever sobre mais nada, nem sequer consigo pensar em mais nada. Sinto um peso no coração.

O basket é uma modalidade com 88 anos de história no nosso clube. Fizemos parte da criação da Associação de Basquetebol do Porto, a primeira do país, e depois da Federação Portuguesa de Basquetebol, fundada em 1927 no Porto e entretanto roubada para Lisboa durante o Estado Novo. Quantas vezes ouvi falar do mágico Dale Dover! E lembro-me bem de ver jogar o grande Jared Miller. E o Fernando Sá, o Paulo Pinto, o Rui Santos. Muito admirei o Jorge Araújo e o Alberto Babo, como agora admiro o Moncho López. E ainda no outro dia vi jogar o Marçal, o Stempin, o Miranda! Isto é a história do nosso clube! Pessoas e momentos incrustados na nossa memória, pessoal e colectiva. É parte do que nós somos! Vem-me à mente o Matos Pacheco, o basquetebol em pessoa, que acompanhou o nosso clube desde os anos 30 e até ao fim da sua vida, apesar de ter perdido totalmente a visão na última década e meia. É difícil não chorar.

Se se vier a confirmar que tudo não passou de um boato, retirarei com todo o gosto e um largo sorriso todas as palavras que aqui vos escrevo hoje. Mas neste momento o que sinto é uma profunda tristeza e uma imensa revolta. Não há qualquer consulta aos sócios, qualquer aviso, nem sequer se tem o cuidado de nos informar em primeira mão. Como é possível sabermos de uma decisão deste teor pela comunicação social? Se é um facto que à maioria dos adeptos as modalidades nada dizem, não é menos verdade que há um conjunto de Portistas para quem uma notícia destas é uma facada no coração. Um conjunto de Portistas que organiza a sua vida à volta dos horários dos jogos do FCP em todas as modalidades. Um conjunto de Portistas que fez questão de passar das palavras aos actos e apresentou em 2010 em Assembleia Geral um documento com ideias e propostas de defesa e promoção das modalidades, aparentemente muito bem acolhido pela direcção. Este conjunto de Portistas soube hoje da notícia através do jornal A Bola, e ainda não teve sequer direito a uma confirmação ou um desmentido por parte do clube.

Surgem boatos segundo os quais a principal motivação para esta decisão serão divergências com a federação. Para extinguir o atletismo invocou-se argumentos semelhantes. Mas que sentido faz extinguir uma modalidade por divergências com a federação? Instrumentalizar a secção e os adeptos que a seguem para atingir terceiros? Fazê-lo seria uma enorme falta de respeito para com os sócios, os atletas, a história do clube e a modalidade em si. E logo no nosso clube, cuja história está repleta de conflitos com os despóticos órgãos centralistas que comandavam e comandam o desporto em Portugal! Fosse este o critério e já não tínhamos modalidade nenhuma, nem mesmo futebol.

Problemas financeiros seriam uma explicação mais plausível, mas se fosse esse o caso por que motivo se procederia à renovação de contrato com vários jogadores, e até mesmo à contratação de reforços para a próxima época? Nada disto faz sentido. E os problemas de tesouraria resolvem-se: procura-se novos investidores, faz-se esforços, ajustes, cortes, sacrifica-se, se necessário, a competitividade durante algumas épocas para equilibrar as contas. Mas não se extingue uma modalidade com quase um século de história no clube!

Tenho e sempre tive uma grande confiança no nosso homem do leme, responsável por uma parte significativa da minha felicidade desde criança, e na equipa de que escolheu rodear-se. Mas essa grande confiança não é nem pode ser cega. Neste momento, a confirmar-se o pior, estou em absoluto desacordo com a decisão e lutarei contra ela com os meios que estiverem ao meu alcance. Porque é meu dever estatutário enquanto sócia do FC Porto "defender e zelar o património do Clube", e porque não me sentiria bem comigo mesma se não o fizesse.

Quero muito acreditar que isto ainda não acabou.

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