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“Veja bem, eu estive aqui durante os maus momentos também... Houve um ano em que ficamos em 2º lugar!”
Bob Paisley, treinador do Liverpool (1974 – 1983)
Bob Paisley, treinador do Liverpool (1974 – 1983)
Nos tempos que correm é relativamente simples ser do FC Porto. Sim, temos que aturar o eterno andor vermelho, ancorado nessa quase total monopolização da comunicação social e opinion makers, mas como ganhamos muito mais do que todos os outros juntos as coisas tornam-se mais fáceis de gerir e, sobretudo, mais saborosas.
No entanto não consigo deixar de me preocupar quando sinto que boa parte do universo azul e branco está demasiado agarrado à ideia de que ser do FC Porto é simplesmente “ganhar”. É algo que o próprio Clube explora até à exaustão em termos de imagem da marca FC Porto, facilmente detectável nas nossas campanhas de marketing e na gestão das redes sociais. Os conceitos inerentes às mensagens “Ser Porto”, “É este o nosso Destino” e “A vencer desde 1893” são sobretudo ligados às conquistas e vitórias, algo perfeitamente legitimo tendo em conta os nossos últimos 30 anos e o nosso presente, sendo no entanto passível de reflexão numa perspectiva de médio/longo prazo.
Virámos o século XX com uma fase de 20 anos absolutamente notável que, ao contrário dos maus indícios do período 99-02, conseguiu ainda ser ultrapassada por 10 anos de glórias absolutamente inimagináveis, principalmente a nível europeu. Todas estas façanhas fizeram “explodir” o Portismo, com cada vez mais adeptos espalhados por todo o país e mesmo pelo mundo, fenómeno que em Portugal ainda se torna mais marcante uma vez que a nossa cultura desportiva dedica-se sobretudo a seguir o vencedor, não existindo uma visão de apoio incondicional às equipas locais como em Inglaterra e Alemanha por exemplo. Assim, e à semelhança da contaminação vermelha dos anos 60 e 70, temos agora uma forte expansão azul e branca.
Voltando ao início, não foi por acaso que iniciei a minha crónica com uma frase do mítico Bob Paisley, dita com toda a arrogância e no auge do domínio nacional e europeu do Liverpool. Hoje até parece mentira, sabemos bem qual a situação que vivem os Reds, cujos últimos 20 anos foram marcados pelo insucesso, sendo que no entanto vemos Anfield Road a continuar a ser um exemplo de paixão pelo clube. Eles conseguiram manter a sua grandeza, apesar da cultura de vitória ter desaparecido. A minha dúvida, que oxalá nunca a precise de ver esclarecida, é se somos feitos da mesma massa caso um dia as coisas não corram assim tão bem…
Aqui entra a própria responsabilidade do Clube e dos Portistas mais velhos ou com mais anos de vivência azul e branca em incutir nos mais jovens a ideia que “Ser Porto” não pode ser apenas uma certeza de vitória ou o gozo que temos em achincalhar quase ininterruptamente os arrogantes perdedores lampiões. “Ser Porto” tem de significar mais do que isso, significa abnegação, raça, o espirito “antes quebrar que torcer”, significa conhecer as nossas raízes. Significa orgulho por pertencer a esta centenária família e envergar estas cores, representando toda a nossa história e todos os nossos antepassados. É jogar mesmo com dedos partidos se tal for necessário, como fez o João Pinto. É lutar pelas vitórias e ganhar mesmo quando somos em teoria mais fracos que os rivais, como fez o FC Porto de 1987, do início dos anos 90 ou os míticos heróis do jogo com o Arsenal em 1948. É dar sempre tudo e chorar de raiva quando se perde, mas de cabeça bem erguida, com a certeza que fizemos tudo o que podíamos e prontos para voltar mais fortes, como aconteceu em Basileia em 1984. É defender o nosso orgulho, a nossa cidade e as nossas cores até à última gota de suor, como no dia 2 de Maio de 2010. É nunca deixar o FC Porto cair em nenhuma circunstância, apoiando sempre o nosso Clube, como fizeram os mais velhos apesar de em 37 anos (1940-77) termos ganho apenas 2 campeonatos nacionais de futebol. É ostentar com orgulho a nossa camisola e o nosso símbolo, usando as nossas cores e não apenas a bandeira de um qualquer país para “engraxar” um qualquer jogador sem façanhas dignas de registo. E serão tantas outras mais coisas que decerto podiam ser acrescentadas…
Só com o espirito certo e com a atitude guerreira que tem sido a nossa imagem de marca poderemos continuar neste ciclo de vitórias. Só assim, sem cedermos a arrogâncias excessivas ou triunfalismos desmesurados, poderemos continuar a sentir que “a nossa camisola é mágica” e que “a nossa história está ainda a começar”, como dizia o Pedro Marques Lopes na sua crónica de quinta-feira.
Ser do FC Porto é ser ganhador, é ser do Melhor Clube Português. Mas é MUITO mais do que isso… E é por isso que temos tanto orgulho nas nossas cores e na nossa história. É por isso que a nossa maior vitória, bem acima de todas as outras, é sermos do Futebol Clube do Porto!
Bom fim-de-semana a todos!
No entanto não consigo deixar de me preocupar quando sinto que boa parte do universo azul e branco está demasiado agarrado à ideia de que ser do FC Porto é simplesmente “ganhar”. É algo que o próprio Clube explora até à exaustão em termos de imagem da marca FC Porto, facilmente detectável nas nossas campanhas de marketing e na gestão das redes sociais. Os conceitos inerentes às mensagens “Ser Porto”, “É este o nosso Destino” e “A vencer desde 1893” são sobretudo ligados às conquistas e vitórias, algo perfeitamente legitimo tendo em conta os nossos últimos 30 anos e o nosso presente, sendo no entanto passível de reflexão numa perspectiva de médio/longo prazo.
Virámos o século XX com uma fase de 20 anos absolutamente notável que, ao contrário dos maus indícios do período 99-02, conseguiu ainda ser ultrapassada por 10 anos de glórias absolutamente inimagináveis, principalmente a nível europeu. Todas estas façanhas fizeram “explodir” o Portismo, com cada vez mais adeptos espalhados por todo o país e mesmo pelo mundo, fenómeno que em Portugal ainda se torna mais marcante uma vez que a nossa cultura desportiva dedica-se sobretudo a seguir o vencedor, não existindo uma visão de apoio incondicional às equipas locais como em Inglaterra e Alemanha por exemplo. Assim, e à semelhança da contaminação vermelha dos anos 60 e 70, temos agora uma forte expansão azul e branca.
Voltando ao início, não foi por acaso que iniciei a minha crónica com uma frase do mítico Bob Paisley, dita com toda a arrogância e no auge do domínio nacional e europeu do Liverpool. Hoje até parece mentira, sabemos bem qual a situação que vivem os Reds, cujos últimos 20 anos foram marcados pelo insucesso, sendo que no entanto vemos Anfield Road a continuar a ser um exemplo de paixão pelo clube. Eles conseguiram manter a sua grandeza, apesar da cultura de vitória ter desaparecido. A minha dúvida, que oxalá nunca a precise de ver esclarecida, é se somos feitos da mesma massa caso um dia as coisas não corram assim tão bem…
Aqui entra a própria responsabilidade do Clube e dos Portistas mais velhos ou com mais anos de vivência azul e branca em incutir nos mais jovens a ideia que “Ser Porto” não pode ser apenas uma certeza de vitória ou o gozo que temos em achincalhar quase ininterruptamente os arrogantes perdedores lampiões. “Ser Porto” tem de significar mais do que isso, significa abnegação, raça, o espirito “antes quebrar que torcer”, significa conhecer as nossas raízes. Significa orgulho por pertencer a esta centenária família e envergar estas cores, representando toda a nossa história e todos os nossos antepassados. É jogar mesmo com dedos partidos se tal for necessário, como fez o João Pinto. É lutar pelas vitórias e ganhar mesmo quando somos em teoria mais fracos que os rivais, como fez o FC Porto de 1987, do início dos anos 90 ou os míticos heróis do jogo com o Arsenal em 1948. É dar sempre tudo e chorar de raiva quando se perde, mas de cabeça bem erguida, com a certeza que fizemos tudo o que podíamos e prontos para voltar mais fortes, como aconteceu em Basileia em 1984. É defender o nosso orgulho, a nossa cidade e as nossas cores até à última gota de suor, como no dia 2 de Maio de 2010. É nunca deixar o FC Porto cair em nenhuma circunstância, apoiando sempre o nosso Clube, como fizeram os mais velhos apesar de em 37 anos (1940-77) termos ganho apenas 2 campeonatos nacionais de futebol. É ostentar com orgulho a nossa camisola e o nosso símbolo, usando as nossas cores e não apenas a bandeira de um qualquer país para “engraxar” um qualquer jogador sem façanhas dignas de registo. E serão tantas outras mais coisas que decerto podiam ser acrescentadas…
Só com o espirito certo e com a atitude guerreira que tem sido a nossa imagem de marca poderemos continuar neste ciclo de vitórias. Só assim, sem cedermos a arrogâncias excessivas ou triunfalismos desmesurados, poderemos continuar a sentir que “a nossa camisola é mágica” e que “a nossa história está ainda a começar”, como dizia o Pedro Marques Lopes na sua crónica de quinta-feira.
Ser do FC Porto é ser ganhador, é ser do Melhor Clube Português. Mas é MUITO mais do que isso… E é por isso que temos tanto orgulho nas nossas cores e na nossa história. É por isso que a nossa maior vitória, bem acima de todas as outras, é sermos do Futebol Clube do Porto!
Bom fim-de-semana a todos!