Quantcast
Channel: BiBó PoRtO, carago!!
Viewing all articles
Browse latest Browse all 7187

Direitos e deveres

$
0
0
http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

Não tiveram força, não honraram a camisola nem a nossa cor azul. Em Málaga, tal como na Madeira, não se viu o que pedimos no cântico que não nos cansámos de entoar na curva. Na realidade, o verdadeiro, o único Porto que esteve no Estádio La Rosaleda foram aqueles quase dois mil que encheram a bancada sul do La Rosaleda. Outro, o que andou lá em baixo, no relvado, não foi, definitivamente, o Porto.

Um Porto sem garra, sem atitude, sem chama, sem nada. Um Porto que não foi Porto, um Porto que ninguém merecia ter visto, sobretudo aqueles que largaram, largam e largarão sempre tudo para o ver. Aqueles que deixaram a família em casa, que faltaram ao trabalho, às aulas ou tiraram férias do emprego de propósito para os apoiar. Aqueles que depois de uma terça-feira de trabalho, só tiveram tempo para arrumar a mochila, abastecer a lancheira, rumar ao Dragão para, ao fim de mais de uma hora ao frio, se fazerem à estrada. Aqueles que percorreram quase mil quilómetros em meio-dia, sentados numa cadeira de autocarro sem conforto e sem saber o que é dormir, para chegar ao destino, almoçar no centro da cidade e entrar no estádio duas horas antes do início do jogo. Aqueles que pagaram 45 euros para ver 14 camisolas roxas – nem sequer eram azuis e brancas! – a desfilar pelo relvado durante os 94 minutos em que transformaram o nosso sonho em pesadelo. Aqueles que estiveram uma hora ao frio à espera que os ‘coños’ espanhóis nos deixassem entrar para a camioneta e enfrentar uma dolorosa viagem de regresso, com uma enorme dor na alma. Aqueles que chegaram ao Porto, completamente extenuados, 33 horas depois de o terem abandonado, avistaram o mais belo estádio do mundo iluminado pelo sol invernoso da manhã e, sem quaisquer arrependimentos ou lamúrias, desabafaram com os próprios botões: “Nunca mais é domingo!”.

Esses, sobretudo esses, não mereciam aquela miséria. Esses, que fazem os possíveis e os impossíveis, para estar em qualquer lado, em qualquer estádio só para os apoiar, mereciam ter visto o Porto das gloriosas noites europeias, capaz de se transcender e olhar qualquer adversário nos olhos, o Porto que tantas alegrias nos tem dado. Esses, que depois dessa jornada negra voaram para a Madeira ver aquela desgraça, não vos podem exigir sempre a vitória – afinal, somos todos humanos -, mas têm o direito de vos exigir sempre o dever de lutar por ela. Esses não vos podem exigir que sejam campeões, mas têm todo o direito de vos exigir que lutem por isso até ao fim como verdadeiros dragões.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 7187