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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto
Capítulo 4: 1931 a 1940 – À conquista do futuro; Bicampeão! (Parte V)
Meia-final do Campeonato de Portugal 1932-33
O Sporting foi o adversário que se seguiu nas meias-finais do Campeonato de Portugal. Na primeira-mão, em Lisboa, empate a um golo. Com os portistas igualando a 30 segundos do final da partida, graças a Acácio Mesquita. Não contando com Waldemar, Avelino e Castro, todos lesionados, o FC Porto perdeu, aos 20 minutos, o seu maestro, Pinga, que, violentamente carregado, abandonou o campo, recebeu assistência médica e só regressou no segundo tempo para sacrificado oficio de corpo presente. Tudo parecia ouro sobre azul na segunda mão. Os sportinguistas estagiaram em Oliveira de Azeméis e chegaram ao Amial mesmo em cima da hora do jogo. E empataram a zero, obrigando a terceiro jogo. Em Coimbra.
SPORTING - FC PORTO, 1-1 (1.ª mão)
18-6-1933, Lisboa (Campo Grande)
Árbitro: Aureliano Lima (Coimbra)
Marcadores:
1-0 Valadas (52’)
1-1 Acácio Mesquita (89’)
Sporting – Treinador: Rodolf Jenny (húngaro)
Artur Dyson; João Jurado e Joaquim Serrano; Manuel Gonçalves “Varela”, Rui Araújo e António Faustino; Mourinha, Abrantes Mendes, José Gralho, João Correia “Abelhinha” e Alfredo Valadas.
FC Porto – Treinador: Joseph Szabo (húngaro)
Miguel Siska; Jerónimo Faria e Pedro Temudo; Zeferino, Álvaro Pereira e Gomes Sousa; Lopes Carneiro, Carlos Mesquita, Acácio Mesquita, Artur de Sousa “Pinga” e Carlos Nunes.
FC PORTO - SPORTING, 0-0 (2.ª mão)
25-6-1933, Porto (Campo do Amial)
Árbitro: António Palhinhas (Setúbal)
FC Porto – Treinador: Joseph Szabo (húngaro)
Miguel Siska; Avelino Martins e Jerónimo Faria; Lopes Carneiro, Zeferino e Joseph Szabo; Carlos Mesquita, Waldemar Mota, Acácio Mesquita, Artur de Sousa “Pinga” e Carlos Nunes.
Sporting – Treinador: Rodolf Jenny (húngaro)
Artur Dyson; João Jurado e Joaquim Serrano; Manuel Gonçalves “Varela”, Rui Araújo e António Faustino; Adolfo Mourão, Abrantes Mendes, José Gralho, João Correia “Abelhinha” e Alfredo Valadas.
SPORTING - FC PORTO, 3-1 (desempate)
27-6-1933, Coimbra (Campo do Arnado)
Árbitro: António Palhinhas (Setúbal)
Marcadores:
0-1 Pinga (12’)
1-1 Mourão (47’)
2-1 Valadas (67’)
3-1 Gralho (80’)
Sporting – Treinador: Rodolf Jenny (húngaro)
Artur Dyson, João Jurado e Joaquim Serrano; Manuel Gonçalves “Varela”, Rui Araújo e António Faustino; Adolfo Mourão, Abrantes Mendes, José Gralho, João Correia “Abelhinha” e Alfredo Valadas
FC Porto – Treinador: Joseph Szabo (húngaro)
Miguel Siska; Jerónimo e Pedro Temudo; Avelino Martins, Zeferino e Francisco Castro; Lopes Carneiro, Waldemar Mota, Acácio Mesquita, Artur de Sousa “Pinga” e Carlos Nunes.
A “santa” união de Lisboa…
Benfica e Belenenses uniram-se ao Sporting, contra o FC Porto. É o que se percebe na leitura da crónica da revista “Stadium” ao jogo em Coimbra:
“…A falange portuense era mais numerosa. Talvez 2000 pessoas. A lisboeta, menor, mas talvez mais aguerrida. Era natural. Nunca o Sporting teve uma falange de apoio. Era aquela a primeira. Impunha-se, portanto, que fosse animosa.
Havendo ali emblemas de clubes diferentes, mas lisboetas, a falange era uma só: a de estímulo ao Sporting... A brigada de assalto sportinguista era quase toda do Benfica. Chefiava-a Cecílio Costa, cujos pulmões deram prova de resistência assombrosa e eclipsaram o entusiasmo portuense.
O FC Porto abriu o activo, por intermédio de Pinga, logo aos 12 minutos. Na segunda parte o Sporting deu a volta ao jogo, vencendo por 3-1, num jogo que descambou para a violência, qualidade esta bem aproveitada pelo físico atlético dos homens de Lisboa”.
Protesto... “extravagante”
Baseado nisso e em vários erros do árbitro, o FC Porto apresentou protesto, que os jornais de Lisboa consideraram... “extravagante”. A FPF lançou-o, discretamente, para o cesto dos papéis e o Belenenses sagrou-se campeão de Portugal ao bater o Sporting por 3-1.
Época 1933-1934
Pinga parado à entrada do comboio…
O FC Porto contratou, ao Boavista, os jogadores Vasco Nunes, Castro e Carlos Pereira, ficando a pagar-lhes 800 escudos mensais. Outros jogadores do clube “azul-e-branco” protestaram por pretenderem ordenado semelhante. Entre a massa associada também se protestou. Depois se percebeu que, à semelhança de que ainda acontece hoje, aproveitando a “onda”, a comunicação social havia lançado uma campanha tendente a desestabilizar a agremiação portista.
Pinga, a estrela da companhia, era dos que, naturalmente, mais injustiçados se julgavam. Queria e exigia que lhe pagassem pelo menos mil escudos por mês. Como a sua vontade não foi satisfeita, fez as malas e comprou bilhete para Lisboa com o intuito de regressar à Madeira ou tentar uma “aventura” no Brasil. Os dirigentes do FC Porto conseguiram pará-lo na Estação de São Bento e convence-lo a ficar.
E as ondas de briga abrandaram. O guarda-redes Castro não se deu bem com os ares da Constituição. Contratado para substituir o lendário Siska, acabaria ultrapassado na corrida para a baliza do FC Porto por Soares dos Reis. Mas continuou a receber 800 escudos, por mês, para jogar nas reservas... Vasco Nunes, que jogava a médio, foi na época seguinte para o Sporting. Carlos Pereira, médio centro, iria ter uma carreira de grande sucesso no FC Porto.
Os “três diabos do meio-dia” em três brilhantes vitórias
Natal de 1933. O FC Porto vencera a selecção de Budapeste por 7-4. Já em Janeiro de 1934, um deslumbramento: 3-0 à equipa-maravilha da Europa, o “First Vienna FC”, num jogo realizado à hora do almoço. Pinga, o maestro, Waldemar Mota e Acácio Mesquita desorientaram e humilharam a melhor equipa europeia que usou de excessiva dureza ao ver-se derrotada.
No jogo ao meio-dia, entre Pinga, Waldemar e Acácio foi tal o entendimento e a exibição, que ficaram para sempre os “três diabos do meio-dia”.
Oito dias depois, outra valiosa vitória: desta vez a “vítima” foi o Atlético de Madrid que soçobrou por 1-4.
• FC Porto 7 – Selecção de Budapeste 4: 24 de Dezembro, Natal de 1933 que foi de festa para os futebolistas do FC Porto, já que bateram uma selecção de Budapeste, que Joseph Szabo convidara para digressão por Portugal, por 7-4.
• FC Porto 3 – First de Viena FC 0: 4 Jan.1934, uma das maiores proezas. Por cá andava também o First Vienna FC, que os reclamos para os jogos consideravam ser uma das equipas-maravilha da Europa. Os seus jogadores ganhavam, então, nunca menos de 2200 escudos e o seu presidente, depois de ter visto o Benfica, o Sporting e o Belenenses, a todos vencendo em Lisboa, garantiu que “os portugueses só ainda não tinham alcançado retumbantes triunfos no estrangeiro porque não possuíam campos relvados”. Pouca gente deu importância às palavras do austríaco...
A “equipa-maravilha” acabaria vergada ao empenho e à valentia do FC Porto, perdendo por 0-3, no Estádio do Lima. Na “Stadium”, Silva Petiz escreveria, eufórico:
“A cidade do Porto acaba de vibrar de entusiasmo; a sua população, mesmo aquela quota-parte que nem entende nem se interessa pelo futebol, sentiu, nesta tarde memorável para os anais do desporto tripeiro, uma comoção intensa ao verificar que patrícios seus souberam vencer alguns estrangeiros que, em campo raso, embora jogando a bola, os enfrentavam como superiores dominadores”. E, depois, o lamento: “Os excessos de violência dos estrangeiros obrigaram a várias paragens e muitos protestos, sendo condenável semelhante atitude dos homens que, sendo mestres, recorreram a tamanhas truculências. Já muito desorientados, os austríacos impediam com o corpo, e por todos os processos, que as suas balizas voltassem a ser atingidas. O árbitro, cheio de paciência, não expulsa os jogadores incorrectos; o jogo vai indo para o seu termo, mas nem um pequeno aborrecimento se nota no público, que vai apreciando todas as peripécias”.
E, sobretudo, a glória de ver assim vencida e humilhada a “equipa-maravilha”.
Acácio Mesquita, do FC Porto, “dribla” três adversários mas o guarda-redes do First de Viena deterá esta jogada, o insuficiente porém para evitar a derrota dos austríacos por 0-3, a única que sofreram na digressão a Portugal.
• FC Porto 4 – Atlético de Madrid 1: 11 Jan.1934, outra retumbante vitória - 4-1 ao Atlético de Madrid. Espantados ficaram os espanhóis com a forma como os portistas conjugaram com pleno sucesso “a técnica e e a alma”. O treinador, Pentland, deslumbrado, disse de Pinga: “É um excelente interior em qualquer parte do Mundo, formando com Acácio e Waldemar um trio perigosíssimo”.
>"Três diabos do meio-dia" – Alcunha que ficou do jogo com o First de Viena, à hora do almoço. Assim eram conhecidas estas três glórias do FC Porto: Waldemar Mota, Acácio Mesquita e Artur de Sousa "Pinga". Pedras fundamentais em todas as equipas do grande clube em que jogaram. Todos internacionais.
Doença e adeus de Siska, castigo para Szabo
Nos primeiros meses de 1934, começaram a sugir nuvens negras no horizonte portista. Siska adoeceu a anunciou adeus definitivo ao futebol. E, sem se saber bem porquê, Joseph Szabo foi castigado pela Direcção do FC Porto, ficando, inclusivamente, impedido de treinar os seus pupilos.
Remição para Szabo e conquista de mais um Campeonato do Porto
Já com Szabo redimido, em Maio de 1934, o FC Porto arrancou, fulminante, para a conquista de mais um Campeonato do Porto, ao bater, no Amial, o Boavista por... 11-1. A equipa portista alinhou com:
Soares dos Reis; Avelino e Jerónimo; João Nova, Álvaro Pereira e Carlos Pereira; Lopes Carneiro, Waldemar Mota, Acácio Mesquita, Pinga e Francisco Castro.
O plantel (quase completo) do FC Porto na época 1933-34
Da esquerda, em baixo: Vasco Nunes, António Santos, Waldemar Mota, Siska, Álvaro Pereira e Francisco Castro.
Em cima: Pinga, Jerónimo Faria, Carlos Pereira, Borges, Abreu, João Nova, Zeferino, Carlos Nunes e Soares dos Reis.
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto
Capítulo 4: 1931 a 1940 – À conquista do futuro; Bicampeão! (Parte V)
Meia-final do Campeonato de Portugal 1932-33
O Sporting foi o adversário que se seguiu nas meias-finais do Campeonato de Portugal. Na primeira-mão, em Lisboa, empate a um golo. Com os portistas igualando a 30 segundos do final da partida, graças a Acácio Mesquita. Não contando com Waldemar, Avelino e Castro, todos lesionados, o FC Porto perdeu, aos 20 minutos, o seu maestro, Pinga, que, violentamente carregado, abandonou o campo, recebeu assistência médica e só regressou no segundo tempo para sacrificado oficio de corpo presente. Tudo parecia ouro sobre azul na segunda mão. Os sportinguistas estagiaram em Oliveira de Azeméis e chegaram ao Amial mesmo em cima da hora do jogo. E empataram a zero, obrigando a terceiro jogo. Em Coimbra.
SPORTING - FC PORTO, 1-1 (1.ª mão)
18-6-1933, Lisboa (Campo Grande)
Árbitro: Aureliano Lima (Coimbra)
Marcadores:
1-0 Valadas (52’)
1-1 Acácio Mesquita (89’)
Sporting – Treinador: Rodolf Jenny (húngaro)
Artur Dyson; João Jurado e Joaquim Serrano; Manuel Gonçalves “Varela”, Rui Araújo e António Faustino; Mourinha, Abrantes Mendes, José Gralho, João Correia “Abelhinha” e Alfredo Valadas.
FC Porto – Treinador: Joseph Szabo (húngaro)
Miguel Siska; Jerónimo Faria e Pedro Temudo; Zeferino, Álvaro Pereira e Gomes Sousa; Lopes Carneiro, Carlos Mesquita, Acácio Mesquita, Artur de Sousa “Pinga” e Carlos Nunes.
FC PORTO - SPORTING, 0-0 (2.ª mão)
25-6-1933, Porto (Campo do Amial)
Árbitro: António Palhinhas (Setúbal)
FC Porto – Treinador: Joseph Szabo (húngaro)
Miguel Siska; Avelino Martins e Jerónimo Faria; Lopes Carneiro, Zeferino e Joseph Szabo; Carlos Mesquita, Waldemar Mota, Acácio Mesquita, Artur de Sousa “Pinga” e Carlos Nunes.
Sporting – Treinador: Rodolf Jenny (húngaro)
Artur Dyson; João Jurado e Joaquim Serrano; Manuel Gonçalves “Varela”, Rui Araújo e António Faustino; Adolfo Mourão, Abrantes Mendes, José Gralho, João Correia “Abelhinha” e Alfredo Valadas.
SPORTING - FC PORTO, 3-1 (desempate)
27-6-1933, Coimbra (Campo do Arnado)
Árbitro: António Palhinhas (Setúbal)
Marcadores:
0-1 Pinga (12’)
1-1 Mourão (47’)
2-1 Valadas (67’)
3-1 Gralho (80’)
Sporting – Treinador: Rodolf Jenny (húngaro)
Artur Dyson, João Jurado e Joaquim Serrano; Manuel Gonçalves “Varela”, Rui Araújo e António Faustino; Adolfo Mourão, Abrantes Mendes, José Gralho, João Correia “Abelhinha” e Alfredo Valadas
FC Porto – Treinador: Joseph Szabo (húngaro)
Miguel Siska; Jerónimo e Pedro Temudo; Avelino Martins, Zeferino e Francisco Castro; Lopes Carneiro, Waldemar Mota, Acácio Mesquita, Artur de Sousa “Pinga” e Carlos Nunes.
A “santa” união de Lisboa…
Benfica e Belenenses uniram-se ao Sporting, contra o FC Porto. É o que se percebe na leitura da crónica da revista “Stadium” ao jogo em Coimbra:
“…A falange portuense era mais numerosa. Talvez 2000 pessoas. A lisboeta, menor, mas talvez mais aguerrida. Era natural. Nunca o Sporting teve uma falange de apoio. Era aquela a primeira. Impunha-se, portanto, que fosse animosa.
Havendo ali emblemas de clubes diferentes, mas lisboetas, a falange era uma só: a de estímulo ao Sporting... A brigada de assalto sportinguista era quase toda do Benfica. Chefiava-a Cecílio Costa, cujos pulmões deram prova de resistência assombrosa e eclipsaram o entusiasmo portuense.
O FC Porto abriu o activo, por intermédio de Pinga, logo aos 12 minutos. Na segunda parte o Sporting deu a volta ao jogo, vencendo por 3-1, num jogo que descambou para a violência, qualidade esta bem aproveitada pelo físico atlético dos homens de Lisboa”.
Protesto... “extravagante”
Baseado nisso e em vários erros do árbitro, o FC Porto apresentou protesto, que os jornais de Lisboa consideraram... “extravagante”. A FPF lançou-o, discretamente, para o cesto dos papéis e o Belenenses sagrou-se campeão de Portugal ao bater o Sporting por 3-1.

Pinga parado à entrada do comboio…

Pinga, a estrela da companhia, era dos que, naturalmente, mais injustiçados se julgavam. Queria e exigia que lhe pagassem pelo menos mil escudos por mês. Como a sua vontade não foi satisfeita, fez as malas e comprou bilhete para Lisboa com o intuito de regressar à Madeira ou tentar uma “aventura” no Brasil. Os dirigentes do FC Porto conseguiram pará-lo na Estação de São Bento e convence-lo a ficar.
E as ondas de briga abrandaram. O guarda-redes Castro não se deu bem com os ares da Constituição. Contratado para substituir o lendário Siska, acabaria ultrapassado na corrida para a baliza do FC Porto por Soares dos Reis. Mas continuou a receber 800 escudos, por mês, para jogar nas reservas... Vasco Nunes, que jogava a médio, foi na época seguinte para o Sporting. Carlos Pereira, médio centro, iria ter uma carreira de grande sucesso no FC Porto.
Os “três diabos do meio-dia” em três brilhantes vitórias
Natal de 1933. O FC Porto vencera a selecção de Budapeste por 7-4. Já em Janeiro de 1934, um deslumbramento: 3-0 à equipa-maravilha da Europa, o “First Vienna FC”, num jogo realizado à hora do almoço. Pinga, o maestro, Waldemar Mota e Acácio Mesquita desorientaram e humilharam a melhor equipa europeia que usou de excessiva dureza ao ver-se derrotada.
No jogo ao meio-dia, entre Pinga, Waldemar e Acácio foi tal o entendimento e a exibição, que ficaram para sempre os “três diabos do meio-dia”.
Oito dias depois, outra valiosa vitória: desta vez a “vítima” foi o Atlético de Madrid que soçobrou por 1-4.
• FC Porto 7 – Selecção de Budapeste 4: 24 de Dezembro, Natal de 1933 que foi de festa para os futebolistas do FC Porto, já que bateram uma selecção de Budapeste, que Joseph Szabo convidara para digressão por Portugal, por 7-4.

A “equipa-maravilha” acabaria vergada ao empenho e à valentia do FC Porto, perdendo por 0-3, no Estádio do Lima. Na “Stadium”, Silva Petiz escreveria, eufórico:
“A cidade do Porto acaba de vibrar de entusiasmo; a sua população, mesmo aquela quota-parte que nem entende nem se interessa pelo futebol, sentiu, nesta tarde memorável para os anais do desporto tripeiro, uma comoção intensa ao verificar que patrícios seus souberam vencer alguns estrangeiros que, em campo raso, embora jogando a bola, os enfrentavam como superiores dominadores”. E, depois, o lamento: “Os excessos de violência dos estrangeiros obrigaram a várias paragens e muitos protestos, sendo condenável semelhante atitude dos homens que, sendo mestres, recorreram a tamanhas truculências. Já muito desorientados, os austríacos impediam com o corpo, e por todos os processos, que as suas balizas voltassem a ser atingidas. O árbitro, cheio de paciência, não expulsa os jogadores incorrectos; o jogo vai indo para o seu termo, mas nem um pequeno aborrecimento se nota no público, que vai apreciando todas as peripécias”.
E, sobretudo, a glória de ver assim vencida e humilhada a “equipa-maravilha”.

• FC Porto 4 – Atlético de Madrid 1: 11 Jan.1934, outra retumbante vitória - 4-1 ao Atlético de Madrid. Espantados ficaram os espanhóis com a forma como os portistas conjugaram com pleno sucesso “a técnica e e a alma”. O treinador, Pentland, deslumbrado, disse de Pinga: “É um excelente interior em qualquer parte do Mundo, formando com Acácio e Waldemar um trio perigosíssimo”.

Doença e adeus de Siska, castigo para Szabo
Nos primeiros meses de 1934, começaram a sugir nuvens negras no horizonte portista. Siska adoeceu a anunciou adeus definitivo ao futebol. E, sem se saber bem porquê, Joseph Szabo foi castigado pela Direcção do FC Porto, ficando, inclusivamente, impedido de treinar os seus pupilos.
Remição para Szabo e conquista de mais um Campeonato do Porto
Já com Szabo redimido, em Maio de 1934, o FC Porto arrancou, fulminante, para a conquista de mais um Campeonato do Porto, ao bater, no Amial, o Boavista por... 11-1. A equipa portista alinhou com:
Soares dos Reis; Avelino e Jerónimo; João Nova, Álvaro Pereira e Carlos Pereira; Lopes Carneiro, Waldemar Mota, Acácio Mesquita, Pinga e Francisco Castro.

Da esquerda, em baixo: Vasco Nunes, António Santos, Waldemar Mota, Siska, Álvaro Pereira e Francisco Castro.
Em cima: Pinga, Jerónimo Faria, Carlos Pereira, Borges, Abreu, João Nova, Zeferino, Carlos Nunes e Soares dos Reis.
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