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Carta aberta a André Villas-Boas

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Confesso que quando foi anunciado como o novo treinador deste nosso grandioso clube, não fiquei particularmente entusiasmado. Não por alguma vez ter duvidado das suas capacidades e do talento que hoje vejo que lhe sobram. Não. Questionei-me, sim, sobre os riscos inerentes à contratação de alguém com uma carreira que contava pouco mais de duas dezenas de jogos como treinador principal e que passaria a liderar uma equipa em fim de ciclo e revoltada com tudo aquilo que lhe foi feito na época passada. Sim, admito que fiquei surpreendido, não preocupado. Porque se há algo que eu nunca ousei questionar é a inteligência, o saber, a perspicácia e a coragem daquele Homem que fez deste o maior clube do Portugal democrático.

As dúvidas sobre uma aposta tão arriscada, é verdade, deixaram-me em sobressalto até aquela manhã 4 de Junho em que o vi entrar, pela primeira vez, naquela casa como treinador do clube que é nosso desde criança. Aquele discurso fluido, impressionantemente seguro, assertivo e ambicioso, aquele discurso tão místico, “tão Porto” encantou-me. E aquelas palavras tão sábias e ao mesmo tempo tão certas que eu não mais esquecerei – “Neste clube vence-se desde 1893 e eu quero deixar a minha marca, quero vencer” – conquistaram-me.

E nem a pré-época longe do brilho dos outros que andavam diabólicos com as goleadas a feijões abalou toda confiança que me inundou a alma desde então. Eu sabia que no banco estava um predestinado e aquele jogo da Supertaça, aquela soberba lição que deste ao mestre da táctica, deu-me razão. Tudo o que veio a seguir, todas as vitórias que brilhantemente não parámos de somar, foi apenas a consequência natural daquilo que estava escrito nas estrelas, como disse aquele asno com bigode que manda no clube do regime.

Estava, pois, escrito nas estrelas que iríamos viver momentos únicos esta época, que em relação à anterior mudou, de facto, como do dia para a noite. Ainda hoje, quando vou ao Dragão ou a qualquer outro lado uma das mais nobre das missões que tenho na terra, questiono-me: Quem é este Sapunaru de hoje que sabe defender e que não tem medo de atacar? Quem é este Fernando que hoje não só destrói, mas também constrói? Quem é este Belluschi que hoje defende, pressiona, joga e faz jogar? Quem é este Guarín cada vez mais disciplinado tacticamente, que até já decide jogos? Quem é este Hulk ainda mais incrível, menos individualista, mais colectivo e com muitos mais golos esta época do que nas duas anteriores? Hoje já me compreendem porque lhe chamo pequeno mestre.

É verdade que este ano já vivemos momentos únicos, como aquele memorável 7 de Novembro de 2010 que se tornou num dos dias mais felizes da vida de todos aqueles que fazem parte desta nação. É verdade que estamos a viver uma época que pode ficar marcada como a mais brilhante de sempre da história deste clube. É verdade que, depois disto tudo, não devia pedir mais. Mas vou cometer esse abuso, como portista doente e irracional. Sim, quero muito ver o Hélton a imitar em Dublin o que fez o Jorge Costa no Olímpico de Sevilha. Sim, gostava muito, mesmo muito, de ver-nos terminar o campeonato sem ter que suportar a dor da derrota. Sim, também não me importo de fazer o sacrifício de ir a Oeiras àquele estádio execrável e ganhar mais uma Taça de Portugal. Mas há um desejo imenso que preciso de partilhar consigo, Mestre André, um sonho enorme que tanto gostaria de cumprir antes de partir deste mundo: ser campeão em pleno Estádio da Luz.

Saudações portistas,
Farpas

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